felipe J. PiÑeiro


"Crucificado por vuestros juicios, yo, que ni creo en dios, ni soy un dios, os perdono"


Poemas en Portugués

 

 

 

 

Traducción por cortesía de JOSÉ LUIS CAMPAL FERNÁNDEZ y revisión de JOÂO BARBOSA

 

 

Del libro Crisálida de luna, Ed.PiEdiciones

 

XXII

 

Soam meus ossos como casa velha
e não dou importância a esses cabelos brancos
como pintura caída,
não ligo às rugas
da mesma forma que ignoro
as fendas das paredes,
o frio aperta a minha pele que olha
uma fogueira apagada
a mesma em que há anos
queimei teus silêncios
ainda sem me faltarem palavras pois os gestos
também falam,
é esta casa velha a que me sustenta
entre suas centenárias vigas e veias,
são essas janelas
as que me resguardam de vocês
é a distância a que obtém meus días
é este desalinhado telhado o que pinta o meu cabelo,
enquanto observo um jardim
a que também soam os ossos.

Del libro El ladrón de sentimientos, Ed.Eolas

 

Porque não há (Porque no hay)

 

Porque já não há poesia
nem Romeus sedutores de noites,
porque já não há saias com direitos
entre calças sem nudez,
porque as aventuras divertidas
já não roubam o perigo,
porque já não há baladas
que desculpem os copos a mais
e os beijos a menos,
porque já não há carícias
daquelas que eram sinceras,
porque já não há olhares cúmplices
entre modas passageiras
completamente vazias de brancos sorrisos,
porque já não há vida
em mãos que não se tocam
olhos que não se olham
e lábios que já não beijam.

   

Del libro El ladrón de sentimientos, Ed.Eolas

 

Um só (Uno solo)

 

E a cada verso
um rasgão na minha pele
até chegar à carne
e depois
ao osso,
e no vício do mais
continuei arranhando,
sem sangue
o verso se fez corpo,
a ferida
sentimento
e o poema,
eu.

Del libro El ladrón de sentimientos, Ed.Eolas

 

Num todo (En un todo)

 

Quando respiro a tua pele e abraço o teu corpo
perco-te em mim,
quando bebo de teus lábios a vida e acalmas a minha sede
perco-me em ti,
quando choro nos teus poros e acaricias a minha respiração
perco-me em ti,
quando arrefeces o meu corpo com os teus pés e me aquece o teu olhar
perco-te em mim,
quando as tuas mãos me descobrem e tremem as minhas pupilas
perco-me em ti,
ao fim e ao cabo...
ambos estivemos perdidos
quando fomos um.